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A exposição Degraus de Vidro dá sequência à pesquisa do artista que explora o conceito de lugar.

Galeria Plexi convida Pina Stencil, arquiteto e artista visual de street art para a exposição provocativa ao olhar e a percepção sobre o Corpo. Como um corpo que se expande ou se contrai, com os limites que lhe são impostos no contexto espacial?

Degrau de Vidro é a exposição que dá continuidade ao processo de pesquisa do artista Pina sobre a construção relacional entre o lugar psicológico do individuo e o da sociedade.

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Degrau de Vidro, mais que a transparência é a ideia do obstáculo translúcido, turvo, quase invisível que faz referência aos limites políticos, sociais e de gênero, ainda presentes em todas as esferas e, por muitas vezes sufocados em discursos superficiais e opressores.

O desenvolvimento da individualidade é um longo processo de autoconstrução, mas como acontece essa construção? Acredito que os espaços e lugares sejam construídos por meio de limites que nos são impostos. É a espacialidade do eu existindo a partir do não espaço, dos muros, limites e barreiras éticas e morais.

Tendo isso como ponto de partida, resolvi explorar a construção do indivíduo pela subtração de toda a coisa social imposta desde o nascimento, trazendo uma reflexão sobre autoconhecimento e relacionamento social. Quem se conhece; quem sabe quem é, não se ofende, não se corrompe e não é manipulado facilmente. Conheça a ti mesmo, base do pensamento socrático.

Nessa série, os ensaios fotográficos buscaram trazer formas de relacionamento entre o eu e o corpo e, entre o corpo e o espaço social, aqui simbolicamente representado pelo limite da tela. Os corpos se expressam livremente presos à geometria da tela, ora gerando incômodo ora alívio, mais uma vez a dualidade existe e se contradiz além do bem o do mal.

A exposição convida o público a refletir sobre como lidar com os limites que lhe são impostos, sobre o peso da liberdade, ou ainda, até que ponto o medo nos traz segurança ou tranquilidade. O tema quase atemporal da servidão voluntária, amplamente explorado por Étinne de La Boétie, chega à contemporaneidade com total propriedade para discutirmos processos de liberdade, medo ou segurança, lembrando que num sistema capitalista como vivemos, esses temas ganham novas nuances e se contrapõe a dualidades morais e a adaptações cada dia mais rápidas, customizáveis e líquidas.