Exposição Individual “Oximoro”

Tom Wray - 26 de agosto à 27 de outubro

“When Words Fail Me, The Music Never Does”, 2021 - Acrílica sobre madeira - Dimensão: 100 x 100 cm

Curadoria
Gabriel Babolim

Expografia
Luiz83

Programação
Abertura: 26.08.2022 às 18h
Encerramento: 27.10.2022
Horários: Seg. a Sex das 10h às 19h
Local: Rua Patizal, 76 - Vila Madalena

Sobre o artista

Tom Wray, natural de Londres, vive em seu lar adotivo: São Paulo, desde 2010. Atualmente reside em Santa Rita do Passa Quatro, interior de SP. Estudou artes na atual Escola Stepney All Saints, antiga Escola Sir John Cass, e literatura inglesa na universidade de Bangor.

Atualmente Tom realiza sua pesquisa de mestrado em poéticas visuais pela Universidade de São Paulo (USP). Antes de se estabelecer no Brasil, morou e trabalhou em diversos países da Europa, Ásia e Oriente Médio.

Suas produções englobam a pintura, escultura e obras site-specific, além de ter um envolvimento prolongado na vibrante cena de arte de rua de São Paulo nos últimos doze anos.

Sobre a Exposição

O.XI.MO.RO (sm) – ret

Figura de linguagem em que se combinam expressões de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão; paradoxismo.

Tom Wray é um cosmopolita. Criado em Londres e radicado no Brasil, suas pinturas com formas geométricas retílineas e sinuosas – de gesto firme e organização metódica – automaticamente nos remetem aos murais que mesclam as diversas formas de marcações urbanas, trazendo-nos ao contexto das cidades, entretanto, apesar de beber dessa fonte, seus trabalhos apenas tangenciam a street art. Viver em uma metrópole implica em ser constantemente bombardeado por informações visuais: imagéticas e escritas – de leitura e compreensão rápidas – que marcam o compasso frenético da cidade e da publicidade na era da tecnologia digital, mas foi no contratempo que o artista encontrou seu objeto de pesquisa: o incompreensível texto nos letreiros de pequenos estabelecimentos geridos por imigrantes nos centros comerciais de Londres. As placas e fachadas de comércios asiáticos ou médio-orientais tornam-se objetos meramente estéticos àqueles que não tem instrução de como absorver a informação contida no texto: essa ilegibilidade determinou o ponto de partida de sua pesquisa.

Os contrastes são evidentes em suas produções, não somente os cromáticos; a rusticidade de suas obras tridimensionais talhadas em madeira colide com a linguagem urbana de suas pinturas. Esse aspecto é um reflexo de sua realidade: o artista foi criado nas grandes metrópoles, mas suas vivências em áreas rurais impregnam suas produções. Entretanto os fatores rítmicos e de não-textualidade sempre se fazem presentes, possibilitando interpretações que migram entre a imagem abstrata e a poesia.

À escrita que não pode ser compreendida através da leitura damos o nome de assêmica: uma forma textual abstrata e desvinculada de qualquer sentido semântico. Este gesto, de abolir a morfossintaxe, assola o texto a uma condição de figura, passamos a encará-lo com as mesmas lentes que lemos uma imagem: configurações organizadas sobre uma superfície, que ressaltam os movimentos e relações contidos ali, referenciando não somente a estruturação formal da obra, mas a forma como um todo, levando-se em conta suas relações e interações com o espaço-tempo – físico e cultural.

São nessas estruturações formais que encontramos as formas simbólicas das obras de Tom Wray: marcações que remetem a caracteres – provenientes do talho de matrizes em madeira – desdobram-se sistematicamente, marcando um ritmo organizado em tempos sobre a superfície, que torna-se uma espécie de tablatura. Formas geométricas delimitadas pelo tamanho do rolo de tinta ou pela espátula sobrepõem e intercalam-se entre os glifos, criando relações de proporção entre as formas – ora ordenadas, ora caóticas – e que tensionam as relações entre figura e fundo, trazendo aspectos que flertam com o neoconcretismo brasileiro ao romper com formalidades racionais na arte abstrata ao abordá-la de forma mais experimental. Tom empresta da escrita o gesto e o transforma em uma espécie de dança: toma-se a linha e a leva para passear, e nesse sentido parece convidar-nos à uma rave na transposição sistemática de padrões sonoros como kicks, bassess e snares em imagem por formas e gestos, e na cacofania de cores que são tão sintéticas quanto os sons da música eletrônica.