Futuro do Trabalho
Mas, afinal, o que é Futuro do Trabalho?
Debates sobre o tema estão em ascensão, assim como sua realidade dentro dos mercados de negócios.
Com o avanço da 4ª Revolução Industrial, o futuro pode ser considerado o presente pelo fato de empresas requererem habilidades voltadas ao comportamento humano e tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. Com isso, seu impacto é mais profundo e relativo.
O criador do conceito da mais recente revolução, Klaus Schwab, afirma em seu livro “A Quarta Revolução Industrial, pela editora Edipro" que a transformação impactará não somente o trabalho, mas também como vivemos e nos relacionamos. Nota-se que as vertentes são amplas e as consequências diversas: desde a substituição do trabalho humano por robôs até competências que, até então, não eram essenciais no mercado de trabalho.
E agora? Como lidar com o novo mercado de trabalho?
Com mudanças acontecendo rapidamente, é necessário compreender conceitos e cenários das novas economias para, então, ampliar possibilidades de caminhos a serem seguidos. Dessa forma, serão abordados os campos de conhecimento, colaboração, mudança de mindset e cultura organizacional para, também, estimular habilidades do futuro.
2015
Soluções de problemas complexos
Coordenar com equipe
Gestão de pessoas
Pensamento crítico
Negociação
Controle de qualidade
Orientação de serviço
Julgamento e tomada de decisão
Escuta ativa
Criatividade
2020
Solução de problemas complexos
Pensamento crítico
Criatividade
Gestão de pessoas
Coordenar com equipe
Inteligência emocional
Julgamento e tomada de decisão
Orientação de serviço
Negociação
Flexibilidade cognitiva
O trabalho existe desde a Grécia Antiga, mas o significado entre indivíduo e trabalho se transformou com passar dos séculos, com isso, os impactos de habilidades na sociedade, economia e cultura também se modificaram.
Devido a diversidade existente, o recorte deste artigo abrange dois profissionais: o tradicional, que se faz presente desde o séc 20; e o criativo, inserido na indústria em constante ascensão. Classificamos as principais características desses profissionais para apresentar a forma de pensamento que prevalece de acordo com as eras, bens e recursos utilizados.
Base: bens e recursos intangíveis
Eras: Pós-digital; indústria 4.0
Características: criativo: não-linear, conectado, multidisciplinar, imprevisível, não-hierárquico.
Base: bens e recursos tangíveis
Eras: agrícola, industrial e digital
Características: linear, segmentado, unidimensional, previsível e hierárquico;
O intangível como moeda de troca e as consequências no mercado
No contexto onde crises financeiras, abalos na economia e desafios ambientais são uma realidade, bens palpáveis perdem espaço para indústrias que utilizam o intangível como moeda de troca, sendo uma alternativa para um futuro sustentável (DCMS, 2014; FIRJAN, 2014; Martinaitutè e Kregzdaitè, 2015; UNESCO, 2013).
Tendo como base inovação e criatividade, a indústria criativa alia valor econômico ao cultural para gerar riquezas, impacto e diversidade. Com isso, a matéria-prima da economia é o capital intelectual. Para que haja equilíbrio entre criatividade e produtividade, segundo Almeida e Machado-Pais (2012), é necessário que o conhecimento seja distribuído, mas aponta o desafio em precisar e regrar o domínio do produto.
Com o avanço de tecnologias, principalmente a comunicação aberta na internet, conexões são possíveis tornando, então, a colaboração e co-criação (Rayna et al., 2014) uma realidade capaz de interligar diferentes ideias.
A colaboração como um salto para inovação
Segundo Brian Uzzi e Jarrett Spiro (2005), a criatividade e inovação são instigadas justamente pela combinação de pensamentos distintos ou pela transmissão entre vários campos artísticos. Há também a hipótese de que dobras estruturais sobre a criatividade e o sucesso se consolidam a partir da junção de grupos que estão cognitivamente distantes (De Vaan et al., 2014).
Além disso, a colaboração está entre as soft skills do Futuro do Trabalho e método de trabalho estimula troca. Com isso, diante do mercado volátil, a facilidade de se adaptar e aprender torna, então, a diversidade e inovação consequências dentro do ambiente de trabalho. Dessa forma, ‘’tensões criativas derivariam não de esforços solitários de indivíduos a sós, mas sim de um sistema de relações sociais’’ (Sandro Ruduit Garcia, 2017) que, com a economia avançada e sua nova fase de desenvolvimento, impacta a vida cotidiana diretamente (FLORIDA, 2001).
A mudança de pensamento individual a partir do coletivo
Com a colaboração gerando resultados inovadores, a consciência de que a adaptação frente às transformações contínuas e ágeis ocasiona mudanças de pensamento individual, mais conhecido no mercado como mudança de mindset.
A partir desse cenário, as possibilidades são ampliadas. O medo do desconhecido é substituído pelo estímulo para a saída da zona de conforto e ânsia por novas perspectivas: o aprender, desaprender e compartilhar ideias de impacto. Inserido em um campo onde prevalecem empatia, inteligência emocional e comunicação, o novo torna-se um desafio ao invés de obstáculo.
Uma andorinha só não faz verão
Para que esse mindset se dissemine no ambiente de trabalho, faz-se necessário uma adaptação, também, cultural. A cultura organizacional é o conjunto acumulado de conhecimentos, experiências, significados, crenças, valores, atitudes e expectativas adquiridas por um grande grupo de pessoas ao longo de gerações (FREEMAN, 2000). Segundo Callon e Muniesa (2003), a aproximação entre agentes diversos dependeria de algum grau de proximidade cognitiva, essa, no caso, permeia características que vão de encontro com a cultura empresarial.
Dessa forma, o papel das organizações é fundamental para a concretização desse novo pensamento implementado nas e pelas pessoas. Por isso, é fundamental que empresas reconheçam cenários futuros como oportunidade de mudança cultural, não limitando-se apenas em discursos flexíveis, mas, principalmente, a práticas da flexibilidade.