Soft Skill
O presente demanda o futuro
Com a 4ª Revolução Industrial e o avanço acelerado das tecnologias como a inteligência artificial, robótica, machine learning e biotecnologia, as mudanças são ainda mais velozes, não limitando apenas o mercado de negócios, mas também a forma que vivemos e trabalhamos (KLAUS SCHWAB, 2018).
Dentre as discussões, o assunto sobre a substituição de profissões por robôs apresenta maior frequência. Segundo o relatório ‘’Jobs lost, jobs gained’’ da consultoria McKinsey, há possibilidade de 15,7 milhões de empregos até 2030 no Brasil, além da criação de milhões ainda não existentes. Segundo o relatório Futuro do Trabalho (2018) do Fórum Econômico Mundial, a visão das empresas frente à realidade de automação:
Automação de profissões nas empresas:
Dados como este podem causar incertezas e possíveis aversões à nova realidade para alguns, mas oportunidade na visão de outros: questão de perspectiva e mindset.
No mesmo relatório, há dados que empresas devem expandir seu uso de empreiteiros que realizam trabalhos especializados em tarefas, destacando a intenção de trabalho flexível, utilizando além de escritórios físicos e descentralização de operações.
No estimar popular, 65% das crianças que ingressam nas escolas primárias, atualmente, trabalharão em novos tipos de trabalhos que ainda não existem, abrangendo funções multifuncionais para as quais os funcionários precisarão de recursos técnicos e sociais e habilidades analíticas, mais conhecidas como soft skills.
Então, o que são as soft skills?
O termo em inglês significa, resumidamente, habilidades comportamentais, ou seja, competências relacionadas à personalidade do profissional tanto individual quanto coletivamente. A expressão é utilizada e demandada por empresas há anos e abrangem aptidões referentes, principalmente, à comunicação, inteligência emocional, colaboração e relacionamentos interpessoais.
Entretanto, como citado no início, a 4ª Revolução traz consequências que ultrapassam as premissas de que o bom relacionamento e produtividade sejam o suficiente para atender o mercado em ascensão. Com isso, as habilidades requeridas são as que máquinas não são capazes de fazer: sentir, pensar e tomar decisões.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, as soft skills de 2020 são, em ordem de importância:
Solução de problemas complexos
Pensamento crítico
Criatividade
Gestão de pessoas
Coordenar com equipe
Inteligência emocional
Julgamento e tomada de decisão
Orientação de serviço
Negociação
Flexibilidade cognitiva
Como você pode desenvolver suas habilidades do futuro?
O primeiro passo é compreendê-las para, então, iniciar o processo de aprendizagem. Dessa forma, abaixo você encontrará conceitos das três primeiras habilidades, além de possíveis caminhos para desenvolvê-las.
1.Solução de problemas complexos
A primeira habilidade diz respeito ao conjunto de estratégias utilizadas para responder eficientemente a um determinado problema dentro de cenários complexos do mundo real. Pelo fato de, geralmente, a razão da falha na resolução de problemas encontrar-se em sua origem, é preciso ter a percepção para identificá-lo de forma objetiva. Exercendo aspectos cognitivos, emocionais e motivacionais, o diagnóstico do problema consiste em contextualizá-lo, descrevê-lo, estabelecer uma necessidade de solução e justificá-la
Tendo como base cenários também complexos, faz-se essencial a reformulação do diagnóstico para considerar múltiplas categorias, ouvir opiniões externas, questionar o objetivo inicial para, então, estabelecer legitimidade diante deste. A partir disso, o conhecimento e criatividade são cruciais para desenhar estratégias sistêmicas, simples e aplicáveis para obtenção de resultados consistentes.
Com isso, a habilidade requer agilidade e pensamento sistêmico capaz de desmembrar um problema em fragmentos para analisá-los, estudar alternativas e testá-las. Consequentemente, os profissionais são impactados por estarem inseridos em uma dinâmica que reflete o cenário macro: mercado volátil, soluções ágeis. A partir dessa realidade, a busca por conhecimento torna-se uma consequência, assim como o engajamento individual e coletivo no ambiente de trabalho.
Confira algumas dicas complementares que possam te auxiliar nessa descoberta:
Resolução de Problemas: como treinar um time orientado a soluções
Livro: Metadesing e Complexibilidade
Curso: Creative Problem Solving
Curso: Resolução de Problemas Complexos
2.Pensamento crítico
Para uma análise e avaliação consistente diante de determinado fato, especialmente ao status quo, é necessário o pensamento crítico. O conhecimento e inteligência são cruciais para que esta habilidade seja desenvolvida e aplicada no ambiente de trabalho. Por meio de observação, experiência, raciocínio ou método científico, o pensamento crítico está relacionado com o ceticismo e detecção de desvios ao longo de um processo.
Guzzo e Lima (2018), referenciando Siegel (1997), definem a requerida habilidade como um tipo de pensamento reflexivo e cuidadoso que envolvem dois pilares fundamentais:
‘’Avaliação de razões’’: capacidades relevantes para entendimento e análise apropriados de razões, afirmações e argumentos;
‘’Espírito Crítico’’: disposições de comportamento, atitudes e hábitos mentais que tornam o indivíduo propenso a usar as habilidades cognitivas para avaliar quaisquer ideias, mesmo aquelas que são contrárias aos seus interesses e às suas crenças mais profundas.
Dessa forma, nota-se que ter clareza, precisão, equidade e evidências é fundamental para evitar impressões particulares para, consequentemente, focalizar nos fatos, entre outros elementos. Para isso, especialistas registram que para o desenvolvimento da capacidade é necessário adotar a atitudes como reconhecer e evitar os preconceitos cognitivos; identificar e caracterizar argumentos; avaliar as fontes de informação; e, finalmente, avaliar os argumentos
Para ativar pensamento crítico devemos:
As competências-chave associadas ao pensamento crítico são:
A partir do questionamento diante de si mesmo e dos outros, o profissional que exerce o pensamento crítico aumenta seu repertório intelectual, amplia seu conhecimento e potencial de criação para desenvolver ideias para solucionar problemas. Com isso, a próxima soft skill torna-se uma consequência do pensamento crítico.
Dicas para desenvolver o pensamento crítico:
Curso: Critical Thiking&Problem-solving
Curso: Mindware: Critical Thinking for the Information Age
Curso: Critical thinking: reasoned decision making
Podcast ‘’A importância do pensamento crítico’’
6 passos para desenvolver pensamento crítico
Ficar em casa e pensamento crítico
Podcast: O que é pensamento crítico
3.Criatividade
Definida, geralmente, como a capacidade de apresentar ideias novas e úteis, a terceira soft skill apresenta função essencial na quebra de paradigmas: a criatividade não é um dom, mas sim uma habilidade. Tendo em vista a incerteza em relação ao futuro e seus contextos mutáveis, novos problemas surgem exigindo soluções inovadoras e decisões criativas (DUAILIBI & SIMONSEN JR, 2009).
Dessa forma, assim como a inteligência, a criatividade pode ser considerada uma habilidade a qual todo indivíduo possa exercer. Trata-se de contemplar efeitos resultado dessa estruturação e considerar a capacidade de um indivíduo criativo construir e reconstruir, transformando a sua realidade e a realidade social como um todo (PEREZ E DRIGO, 2014).
Diante dessa transformação plural, o mercado passa por mudanças onde bens tangíveis deixam de ser monopólio econômico, tornando-o um território de interações, como espaço de escolha e de diálogo entre sujeitos (KELLNER, 2011). Como consequência, há o surgimento de novas economias que baseiam-se no capital intelectual como moeda de troca.
Com a ascensão da criatividade, o processo torna-se o caminho para alcançá-la. Para desenvolver e potencializar a habilidade do futuro, há algumas atitudes cotidianas que auxiliam no processo como: tolerância à ambiguidade, capacidade de adaptação, flexibilidade, capacidade de escuta ativa, intuição, clima de trabalho favorável, confiança, qualidade do feedback, suscitar a ambição, partilhar a visão, ser solidário no insucesso.
Considerando a individualidade diante de processos criativos, selecionamos alguns métodos e dicas para despertar seu lado criativo e gerar soluções inovadoras:
Processo criativo não é uma caixinha de surpresas
Livro: Ócio criativo - Domenico de Massi
Curso: ‘’Criatividade e geração de ideias’’
O despertar da criatividade - João Belmont
Podcast: Os segredos da criatividade
Habilidades interdependentes
Considerando as três primeiras soft skills, nota-se que contextos socioeconômicos guiam a necessidade das habilidades. No caso, o futuro incerto demanda múltiplas capacidades diante do mercado de negócios, assim como o reflexo destas no indivíduo como profissional e seu impacto comportamental na sociedade. As três habilidades navegam e se encontram no decorrer do processo, possibilitando consequências positivas para os que estão envolvidos direta e indiretamente.
É um ciclo contínuo e veloz onde observa-se para entender cenários; estuda-se para ampliar repertório de ideias; conversa-se para expandir perspectivas; desenha-se para criar estratégias qualificadas, sistêmicas, simples; executa-se processos colaborativos e resoluções em conjunto; impactar com ações eficazes; analisa-se o processo completo e melhorias futuras; observa-se para entender cenários futuros.